A relação entre os jogos de cartas e minha mãe é algo muito marcante em nossa família. Lembro que ela usava nossas tardes de domingo jogando buraco para nos trazer ensinamentos.
Filho do meio, tendo um irmão caçula e uma mais velha, eram poucas as vezes que ficávamos os 3 concentrados em uma mesma coisa. O jogo de buraco era um desses momentos em que nos reuníamos com nossa mãe para nos divertir.
Foi com a canastra, como chamávamos na época, que aprendemos muitas lições, levadas comigo até hoje. Mamãe Tereza, sempre atenciosa e delicada, fazia daquele momento algo memorável e especialmente benéfico para nossa relação entre irmãos e de mãe para filhos.
Me lembro das correlações que ela fazia entre os elementos do jogo a aspectos da vida: A junção das cartas do mesmo naipe, relacionado à família e a união familiar. Todos juntos, do mesmo sangue, unidos para sermos melhores. Como em uma canastra, que quanto maior e mais limpa, poderia inclusive se tornar real.
Tem também a concentração que tínhamos que ter para não deixar passar nenhum momento do jogo, atentos em cada jogada. Esse era o foco que ela tanto nos cobrava ter nos estudos e em nossas vidas.
Para ela, o curinga simbolizava a criatividade. Era ele que permitia utilizar de recursos externos para fazer as coisas darem certo, unindo partes e construindo boas oportunidades.
Comentava também que as trincas eram nossas relações. Seja pelo lado profissional ou pessoal, eram pessoas que pensam parecido e possuíam semelhanças de caráter, se unindo para alcançar os mesmos objetivos.
O momento de descartar uma carta na lixeira, muitas vezes, um movimento difícil de fazer por não ter muitas opções, fazia com que minha querida mãe me alertasse de que muitas vezes temos que nos desapegar de algumas coisas para que novas oportunidades surgissem. A lixeira, por sua vez, mostrava que o que não serve para uma pessoa, pode ser muito útil para outras. Tudo está em um ciclo, uma energia de troca que permeia nossas vidas.
Por fim, a relação que devemos ter em momentos de vitória e derrota, sabendo que hora lidamos com nossas conquistas e outras temos que lidar com as perdas. Mas o mais importante é saber lidar com as duas situações de forma madura e com respeito a todos que nos cercam.
Essa era dona Tereza, por vezes chamada de Terezinha. Mais do que uma mulher de inteligência descomunal e um coração grande, foi a melhor mãe que poderíamos ter.
Sempre que abro o aplicativo Megajogos, inevitavelmente me lembro da Dona Terezinha. Onde quer que esteja, desejo que possa ver seus filhos seguindo seus ensinamentos. Saudades, mamãe!
- Esta é uma história fictícia em homenagem às mamães que um dia fizeram parte de nossa história.